A TUA PRESENÇA
Fria, frígica, impalpável,
Em duros linhos envolta,
Tua presença outrora inseparável,
De mim se esconde, me faz revolta.
Fico a buscar por vias intermináveis
Teu vulto inesquecível de puro azul.
Invento paisagens insondáveis;
Perdida, confundo o norte com o sul.
Onde o teu calor que não esqueço,
O saber de tuas mãos, cadê ?
Será talvez que não te mereço,
Serei proscrita sem saber por que ?
Tua boca doce ainda me fala
Promessas guias cheias de luz.
Em que dobra do tempo fica esta sala
Onde te escondes, talhas minha cruz ?
Se tu mentias, me enganavas, me iludias,
Eu não sabia: dançava tonta como encantada.
Sentindo agora o corte profundo, lâminas frias,
Enfim eu sei: amava tonta, era tudo nada !
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